20110714

Eucaristia

“O Senhor na noite em que era entregue, tomou o pão, dando graças o partiu, e disse: Isto é meu corpo que se entrega por vós. Fazei isto em memória de mim. Da mesma forma, depois de cear, tomou a taça e disse: Esta é a nova aliança selada o com meu sangue. Fazei isto cada vez que a bebes, em memória de mim. De fato, sempre que comeis este pão e bebeis esta taça, anunciais a morte do Senhor, até que eLE volte”. 1ª Carta de São Paulo aos Corintios 11,23b-26)


Antes de ser entregue por Judas Escariote, chega o momento tão desejado por Jesus: “-Como desejei comer convosco esta vitima pascal...” “Dando graças o partiu” - neste ato de ação de graças surge à palavra Eucaristia (Eucaristia é o mesmo que ação de graças em grego). E esta Eucaristia não poderá cessar – “até que ele volte” - até que ele venha pela segunda vez. “Fazei isto em memória de mim”.

Eucaristia é fazer a memória da morte e ressurreição do Senhor, o corpo que foi entregue e o sangue derramado por nós. É presença Real: “Isto é o meu corpo, isto é o meu sangue” e é Ceia do Senhor feita com os discípulos que perpetuará nELE: “Eu vos digo que não tornarei a comê-la até que alcance o seu cumprimento no Reino de Deus”.

Eucaristia é o gesto de reconhecimento da presença de Cristo, foi assim com os discípulos de Emaús, é o próprio Jesus que ressuscitado parte o pão e doa a eles: “Entrou para ficar com eles à mesa, tomou o pão, o abençoou, partiu e deu a eles. Abriran-se os olhos deles e O reconheceram”. Repare que Jesus parte, mas não come o pão. Lendo a Palavra que falam dessa ação de graças não tem como dizer que é um simbolismo. Poderia se perguntar: Como Jesus estava na frente dos apóstolos e no pão ao mesmo tempo? Vele lembrar que a Santíssima Trindade é onisciente, onipotente e onipresente. Assim como Deus é um e está em todos os lugares ao mesmo tempo, assim também é o Espírito Santo e é claro: Jesus.

No sentido que a Eucaristia é uma ceia com os seus discípulos, surge então a Santa Missa – Celebração da Eucaristia. Podemos dizer que para essa Celebração criou-se uma preparação para um discipulado: Sacramento do batismo, confirmação e crisma, Sacramento da Reconciliação e ordem é a preparação para esse Sacramento maior, sem a Eucaristia não haveria os outros Sacramentos. Foram os discípulos que ceiaram com Jesus, discípulos é aquele que recebe os ensinos de outro e as segue, neste caso na Igreja católica têm toda essa preparação para formar discípulos, pois a Santa Ceia foi realizada com eles e não com a multidão.

Vemos sempre falar que a comunhão é somente alimento espiritual. Veja, logo depois da Santa Ceia os discípulos começaram a ver quem é o maior, Judas saiu e entregou Jesus, os discípulos se encheram de soberba após comungarem. “É chegada à hora”, Jesus não tinha outra hora para instituir a Eucaristia. A Igreja católica tem uma explicação que “A cruz e a Eucaristia é sinal de salvação e condenação”, como entender? Continua São Paulo: “Portanto quem comer o pão indignamente, é réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine antes de comer do pão e beber a taça. Pois quem não reconhece o corpo (do Senhor), come e bebe a própria condenação. Esta é a causa de haver entre vós muitos doentes, enfermos e muitos morreram. Se nos examinarmos não seremos julgados”.


O que diz a Didaqué o catecismo dos primeiros Apóstolos, achado arqueológico do ano 100dc:

1Celebre a Eucaristia assim:

2Diga primeiro sobre o cálice: ´Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre´.

3Depois diga sobre o pão partido: ´Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

4Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre.

5Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães”. ( Didaqué capítulo IX)

O que diziam os Cristãos mais próximos de Jesus, assim como São Paulo:

Santo Inácio de Antioquia De 35 a 110dc.

Os cristãos se vêm confrontados com uma corrente de pensamento chamada docetismo, que vai negar que "o Verbo Se fez carne", ou seja, vão negar que Jesus Cristo tenha assumido a natureza humana. Uma das consequências de tal doutrina é que vão considerar impossível de que no culto que Cristo instituiu na Santa Ceia, e pediu, ordenou que fizesse em Sua memória o Pão seja o Corpo de Cristo e o Vinho seja o Sangue de Cristo:
Ficam longe da Eucaristia e da oração, porque não querem reconhecer que a Eucaristia é a Carne do nosso Salvador, Jesus Cristo, a qual padeceu pelos nossos pecados e a qual o Pai, na Sua bondade, ressuscitou. Estes, que negam o dom de Deus, encontram a morte na mesma contestação deles. Seria melhor para eles que praticassem a caridade, para depois ressuscitar.Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há apenas um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com Seu Sangue, e apenas um altar de sacrifício - assim como há um bispo, um clérigo, e meus caros servidores, os diáconos. Isto irá assegurar que todo o seu proceder está de acordo com a vontade de Deus." (Epístola aos Filadelfos)

São Justino De 103 a 165 dc

“Os apóstolos em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de Mim. Isto é o Meu Corpo [Lc 22,19 ; Mc 14,22]; e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o Meu Sangue [Mc 14,24], e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós” (Justino – I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).
Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele participar, sem que creia na verdade de nossa doutrina, que já tenha recebido o batismo de remissão dos pecados e do novo nascimento, e viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos estas coisas como pão ou bebida comuns; senão, que assim como Jesus Cristo, feito carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para salvar-nos, assim também o alimento feito eucaristia (...) é a Carne e o Sangue de Jesus encarnado. Assim nos ensinaram." (Primeiro livro das Apologias de Justino, pag. 65-67.)

São Irineu de Lyon de 115 a 202dc

No Tratado contra as heresias Irineu redige a doutrina da Eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo e a ressurreição da carne:
Se não há salvação para a carne, também o Senhor não nos redimiu com o Seu Sangue. Portanto, quando o cálice de vinho misturado com a água e o pão natural recebem a Palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo. Recebendo a palavra de Deus, tornam-se a eucaristia, isto é, o Corpo e o Sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade a carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus.